sábado, 7 de março de 2009

Desfigurada, Rania al-Baz



Tendo em conta que amanhã se comemora o Dia Internacional da Mulher, esta semana sugiro uma obra escrita por uma mulher que defende a ideia de que, sem ter de relegar a sua origem e a sua religião, a mulher pode e deve ser tratada como um ser humano.
Um livro chocante e doloroso. Mas verdadeiro.

No dia 24 de Abril de 2004, Rania al-Baz, a primeira jovem mulher saudita a apresentar um programa de televisão, foi brutalmente agredida pelo seu próprio marido. Ficou completamente desfigurada. Treze operações de cirurgias plásticas não passaram de tentativas para recuperar as suas feições.

  • “Não conseguia desviar os olhos daquele autêntico desastre. Daquele rosto delicado que eu tinha, apenas restavam ruínas, uma terra desolada, completamente devastada. Não acreditei numa só palavra que o médico dissera – de certeza que jamais voltaria a recuperar a minha cara; iria ser outra.”

Em Desfigurada, sem nunca condenar o Islão ou a sua terra natal, Rania al-Baz fala-nos do seu calvário, da sua luta, do que sentiu ao ver a sua provação ser difundida pelos meios de comunicação do mundo inteiro. Conta-nos como um crime passional se tornou um assunto de Estado.

Defendendo os direitos da mulher, Rania luta contra uma sociedade tradicional e retrógrada. Em 2005 a mulher saudita não tinha o direito a votar, não tinha livre acesso à carta de condução, não podia obter um bilhete de identidade ou um passaporte sem o acordo do marido ou do pai. É nas últimas páginas de Desfigurada que afirma:
  • “A mulher não é nada, é o homem que domina. Mesmo que nas nossas lendas populares lhe seja concedido o papel mais bonito, na realidade nós não existimos, não somos senão as sombras dos nossos pais, dos nossos irmãos ou dos nossos maridos.”

[Citações retiradas do livro]

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