quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Lenda da Pieira de Lobos

Era uma vez um cavaleiro de seu nome D. Afonso Ancemonde. Este cavaleiro era o mais corajoso de todos e deixava todas as donzelas encantadas com a sua beleza. D. Afonso vivia em terras deste concelho, mais precisamente em Refojos, num grande solar acastelado.
Certo dia, este homem foi caçar ursos para o monte da Labruja, onde apareceu-lhe uma alcateia de lobos esfomeados e ferozes. O caçador pegou de imediato no arco e com a flecha fez pontaria, atingindo o chefe do bando entre os olhos. Este animal fugiu rapidamente e desapareceu entre dois altos penedos, acompanhado pelo seu bando.
O cavaleiro partiu numa corrida perigosa. O cavalo, cego de dor e de medo, foi contra a dureza dos penedos e D. Afonso caiu e ficou sem sentidos.
Quando ele voltou a si, encontrava-se numa gruta recoberta de peles de corça. À sua beira estava uma donzela e um lobo com a bondade de um cordeiro. O cavaleiro questionou a donzela, porque não sabia quem ela era e nem o que fazia naquele inexplicável lugar.
Esta formosa donzela explicou-lhe:
Nasceram setes filhas e a última de um casal de nobres, não foi lhe dada uma das seis irmãs como madrinha por esquecimentos dos pais. Condenando-a, assim, a um terrível destino: em todas as luas cheias ela transforma-se em pieira de lobos (pastora de lobos).
Nesse mesmo dia, essa irmã completava o sétimo ano da sua condenação. Conseguiria uma vida normal se o amor de um homem a libertasse desse pesadelo, esse homem era D. Afonso. Só ele lhe poderia dar a felicidade desejada.
O cavaleiro desconfiou da pieira, pensando que ela fosse uma impostora, alguém que lhe ambicionava o nome e a fortuna, inventando uma história só para o seduzir.
Mas a pieira de lobos estava a ser sincera e magoada com a desconfiança de D. Afonso, lançou-lhe uma terrível maldição:
Em todas as noites de lua cheia, ele seria também um lobo com ela.
Depois deste dia de caça, o cavaleiro doou todas as suas terras de Refojos e morreu de uma doença desconhecida.
Quando a Lua Cheia ilumina aquela Serra, qualquer pessoa pode avistar, no espaço de um relâmpago, D. Afonso Ancemonde a cavalo, seguido por uma alcateia, onde esta visão irá permanecer durante muito tempo.

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